Descomplicando a Educação Corporativa: Estratégias Práticas e Resultados para os seus treinamentos

Educação corporativa vai além de aplicar treinamentos ou criar uma universidade corporativa: é um suporte estratégico para que colaboradores enfrentem mudanças, desenvolvam competências e alcancem seu melhor desempenho. Organiza-se em três camadas – imediata, intermediária e transicional –, atendendo às necessidades de curto, médio e longo prazo.

Escrito por Gustavo Faria

Empreendedor e especialista em Educação Corporativa, @ogusfaria é Fundador da Versa Educação.
  • 29 nov, 2024
  • RConteúdo criado por um humano
  • 15 minutos

O que é a educação corporativa?

Para algumas empresas educação corporativa é óbvia. Para outras, é algo ainda meio nebuloso. Independente de onde a sua empresa se encaixe nessa régua, vale refletir sobre qual o papel da educação nas empresas, para além de “aplicar treinamento” ou dos nomes que você der, como educação empresarial, educação organizacional, treinamento corporativo ou o que seja. 

Educação corporativa é sobre ajudar as pessoas a acompanharem as mudanças. A missão das pessoas que cuidam de educação corporativa é fornecer o suporte necessário para que as pessoas possam fazer e serem o seu melhor.

Isso significa que precisamos nos tornar especialistas em ajudar as pessoas a navegar através das mudanças. 

Somos um ponto crítico no ambiente de trabalho. A educação atual como um canal entre aqueles que sabem (gestão, especialistas, reguladores) e aqueles que precisam (colaboradores, parceiros, estudantes) é educação corporativa e deve ser constantemente aprimorada. 

É difícil definir quais são os princípios da educação corporativa. Não existe fórmula pronta. O que eu posso com certeza te dizer é que ela é muito mais do que uma área, mas um pilar sustentador da cultura organizacional e que vai muito além do desenvolvimento de lideranças. 

Educação corporativa faz parte do desenvolvimento do capital intelectual da empresa e seu foco deve ser maior do que só desenvolver pessoas. Abaixo você verá um texto que vai além dos conceitos rasos explorados por aí e vamos megulhar juntos em um novo universo de desenvolvimento de habilidades. 

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O que você verá nesse artigo:

O que é Educação Corporativa na prática?

Muitas vezes, as mudanças são rotineiras e previsíveis, como o lançamento de um novo produto ou a certificação anual de conformidade. Mas, às vezes, elas são repentinas e difíceis de manejar, como as demandas da diretoria para aumento de produtividade, diminuição de turn-over ou melhoria no processo de onboarding da companhia.

 Independentemente do tamanho ou da velocidade da mudança, uma coisa sempre é verdadeira: nosso trabalho é preparar os outros para que possam fazer o seu melhor, apesar das mudanças e do contexto do mercado.

Treinamentos obrigatórios (Segurança do trabalho, Compliance, Qualidade, etc) não tem nada a ver com isso, você pode pensar. Bom…Sim e não, né. Porque se todo mundo já estivesse pronto, não teria que ter o treinamento obrigatório. Essas e outras formações existem porque a gente precisa o tempo todo guiar o comportamento das pessoas para que elas ajam como a empresa espera e precisa – seja para aprimorar performance ou resolver um problema. O papel da educação corporativa é guiar a mudança, dentro da empresa e das pessoas. 

Para dar esse suporte, existe uma estrutura criada pela Delloite com base em ciências da aprendizagem que pode servir de apoio para te ajudar. É essa aqui: 

Educação corporativa gráfico de implementação

Antes de olhar os quadrantes, repara que ela tem camadas. Essas camadas têm a ver com o momento de necessidade do colaborador em sua educação profissional: Aprendizagem imediata, intermediária e transicional. Vamos ver cada um deles em detalhes e como eles se aplicam no contexto da educação corporativa.

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Camadas da Educação corporativa

Camada Imediata: Ambiente de trabalho e produtividade

Independentemente da posição ou tempo de serviço na organização, todos os colaboradores precisam ter acesso a informações que os ajudem a desempenhar suas funções. Os elementos de aprendizado representados pelo círculo mais interno nesse  modelo são projetados para ajudar os funcionários a encontrar respostas para suas perguntas, no momento e lugar em que precisam. O engajamento aqui é muito alto porque o aluno está de frente para o conteúdo educacional exatamente no momento em que ele irá usar isso.

Camada Intermediária: Treinamento, capacitação e EAD

O segundo círculo nesse modelo representa os tipos de elementos de aprendizado que os colaboradores precisam para se desenvolver em suas funções atuais e continuar expandindo suas competências e habilidades. Nessa área, os elementos de aprendizado incluem aqueles necessários para desenvolver os interesses de carreira individuais dos funcionários, adquirir novas habilidades e receber orientações para tornar o negócio mais eficiente e eficaz.

Frequentemente nós vemos isso nos treinamentos realizados pelas empresas, seja de maneira independente ou com um fornecedor de treinamentos corporativos. Nesse caso o treinamento é fora do contexto imediato do trabalho e o facilitador – ou e-learning – prepara o aluno para uma situação que ele irá vivenciar no futuro.

Camada Transicional: Estratégia organizacional e liderança

O círculo mais externo representa os elementos de aprendizado necessários para preparar os funcionários a fim de atender às metas de longo prazo da empresa ou para grandes transições, como uma nova função ou uma mudança de carreira. As oportunidades de aprendizado nessa área também incluem atividades que aumentam habilidades, desenvolvem competências e constroem relacionamentos, preparando os funcionários para futuras transições.

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Estratégias de Educação Corporativa

Além dessas camadas que tem a ver com o objetivo e a necessidade dos treinamentos, temos os quadrantes que nos contextualizam sobre os tipos de táticas usadas pelos alunos para aprender. Você vai notar que “treinamento” propriamente dito, o clássico, é só uma parte. Veja: 

Primeiro quadrante: Educação

O primeiro quadrante é Educação: Os elementos de aprendizado que estão aqui são aqueles tradicionalmente sob o guarda-chuva de T&D ou RH, como treinamento presencial em sala de aula, capacitação prática,  e-learning (ead) e simulações.

Essas ofertas têm um começo e um fim, são vistas como eventos e são rastreáveis. Embora muitas empresas geralmente estejam confortáveis com essa área de aprendizado, é crucial ver esses elementos como apenas uma parte de um contexto maior de educação.

Segundo quadrante: Experiência

No quadrante de Experiência vemos aquele aprendizado que acontece naturalmente no dia a dia, na troca de informações e conversas entre colaboradores. Pode ser natural ou estimulado. Alguns exemplos incluem atribuições desafiadoras, rotações de cargos e projetos especiais, onde os funcionários aprendem aplicando o conhecimento na prática.

Terceiro quadrante: Exposição

No quadrante de exposição vemos estratégias que envolvem interação e relacionamentos. Essa categoria ajuda os colaboradores a se desenvolverem construindo conexões por meio de conferências profissionais, organizações, atribuições voluntárias na comunidade, comunidades de prática, além de atividades de coaching e mentoria com as lideranças. Aqui tem a ver com expor o colabor propositalmente à pessoas e ambientes que estão em outro nível de aprendizado, para que ele absorva conhecimento e aprenda habilidades literalmente por exposição aos novos cenários. 

Quarto quadrante: Ambiente

Por fim temos o ambiente: Muita gente nem sabe que isso é educação, mas é. Tem a ver com as ferramentas e sistemas que os colaboradores utilizam no trabalho para aprender ou apoiar suas atividades, como sistemas de informação (intranet, documentos), placas de sinalização, cartilhas, check-lists, bibliotecas de cursos online.

Para essa abordagem ser efetiva, é preciso mapear o tipo de suporte que as pessoas precisam e lembrar que nem sempre um colaborador vai decorar todas as informações de um curso. 

Colocar sinalizações e lembretes em lugares estratégicos no fluxo do trabalho pode ser um bom jeito de garantir que os comportamentos esperados vão acontecer e que o conhecimento adquirido será aplicado quando necessário. 

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Essas quatro áreas, em conjunto, compõem a totalidade das atividades de aprendizado às quais os colaboradores serão expostos ao longo de sua trajetória em uma organização. Naturalmente, os percentuais de aprendizado em cada uma dessas categorias  podem variar.

Por exemplo, um contador que precisa se manter atualizado e em conformidade com regulamentações financeiras e legais pode participar de mais atividades de aprendizado na categoria de educação do que na de exposição.

Da mesma forma, novos funcionários podem concentrar seu aprendizado em experiência e ambiente, enquanto um gerente experiente pode aprender mais por meio de exposição, como coaching e networking.

Para criar uma estrutura de aprendizado eficiente e uma cultura de educação que alavanca os resultados da empresa, tudo isso tem que ser pensado de maneira estratégica e o papel da educação corporativa é fazer justamente isso. 

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Resumo

Educação corporativa vai além de aplicar treinamentos ou criar uma universidade corporativa: é um suporte estratégico para que colaboradores enfrentem mudanças, desenvolvam competências e alcancem seu melhor desempenho. Organiza-se em três camadas – imediata, intermediária e transicional –, atendendo às necessidades de curto, médio e longo prazo. Além disso, contempla quatro dimensões de aprendizado: educação, com treinamentos formais; experiência, pela prática no trabalho; exposição, por meio de interações estratégicas; e ambiente, com ferramentas de apoio no fluxo de trabalho. Ao integrar essas abordagens, a educação corporativa guia mudanças organizacionais e individuais, alinhando comportamento e performance às metas da empresa, enquanto desenvolve skills importantes através de estratégias de aprendizado contínuo em programas de treinamento que promovem o desenvolvimento profissional.

PS: Uma nota importante sobre gamificação

Depois desse artigo muita gente veio me perguntar sobre o papel da gamificação nisso tudo. Sugiro a leitura desse outro texto nosso sobre gamificação, para aprofundamento, mas adianto que a gamificação tem que ser levada com cuidado quando o assunto é treinamento ou educação corporativa.

Somos levados pelo hype a achar que só porque é gamificado é muito legal e incrível e todo mundo vai adorar.

Lembre-se, porém, que educação corporativa existe para DAR RESULTADO, e não só pra fazer as pessoas darem notas altas no seu NPS de treinamento. Portanto, gamificação é um meio para um fim e se for feita de qualquer jeito – ou só por fazer – frequentemente ela atrapalha o fim. 

Leia esse texto aqui pra mais informações a respeito. 

Agora sim, fui!

Gustavo Faria
Author: Gustavo Faria

Empreendedor e especialista em Educação Corporativa, @ogusfaria é Fundador da Versa Educação.

Empreendedor e especialista em Educação Corporativa, @ogusfaria é Fundador da Versa Educação.

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